sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

JUÍZOS DE VALOR.


Não julgue para não ser julgado, dizia Jesus.A recomendação remete á extrema complexidade que envolve um julgamento isento, excluindo-se aí, os casos extremos, como os de crimes hediondos nos quais a culpa esteja estabelecida de forma indiscutível.O grosso dos problemas cotidianos,porém, não tem esse porte.Engloba, por exemplo, o divórcio do casal, as brigas com parentes, as desavenças no trabalho ou na escola, as disputas políticas, sociais ou religiosas. Em todas as situações desarmônicas(e até mesmo em algumas harmônicas), a maior parte dos seres humanos deleita-se em encontrar defeitos e propor formas de fazer melhor do que foi feito,embora nem lhes passe pela cabeça as origens e o incomensurável somatório de pensamentos, emoções e atitudes, elaborados segundo a segundo,que estão por trás desse ou daquele desfeche.
Seria maravilhoso se cada indivíduo cuidasse mais do seu desenvolvimento interior. O problema é que a maioria ds pessoas não se importa em ser um ser melhor como pessoa mas também quer palpitar sobre a vida dos outros.E ai que começa a bagunça.
Posicionar-se frente o mundo é uma tarefa em geral a cargo do ego, e ele faz o melhor que pode.Isso , porém, está longe de neutralizar todas as limitações e distorções características de sua capacidade de apreender o mundo.
As análises e interpretações feitas a partir das informações que as pessoas assimilam dão origem ao que os psicológos chamam de "juízos de valor". Suas raízes estão em convicções inconscientes que cada pessoa adquire a partir de suas primeiras experiências e do ambiente social em que vive. Os juízos de valor não podem ser condenados a princípio, são, como,"as estruturas e esquemas psicológicos que dão sentido à nossa experiência"(Mark Brown).Mas suas formulações são geralmente esquemáticas e baseadas em dados discutíveis. Eis aqui alguns exemplos comuns dessas "verdades":
-todos os políticos são corruptos.
-homens de negócios só pensam em dinheiro.
-Minha mãe ainda me considera uma criança.
-Meus filhos não me ouvem.
-sexo antes do casamento é mau(ou bom).
-Imigrantes não são confiáveis.
Qualquer uma dessas generalizações pode ser contestada,mas, as pessoas que a consideram inatacável partem dela para fazer suas análises, e a distorção vai se ampliando.Pegue a última afirmação da nossa lista de "verdades" por exemplo. Alguém conhece todos( todos mesmo) os imigrantes a ponto de afirmar que nenhum deles merece confiança? Grupos racistas e neo-nazistas na Europa contemporânea, porém, tomam-na como verdadeira e agem a partir dela.Por aqui,essa afirmação alimentou, durante muito tempo, o olhar enviesado dedicado por muitos sulistas aos nordestinos. depois de 11 de setembro de 2001, muitos americanos passaram a aceitar essa idéia.
Nossa imperfeição humana não vai nos livrar tão cedo dos juízos de valor, contudo podemos e devemos refiná-los cada vez mais(além, claro, de respeitar o direito de as outras pessoas terem os seus próprios juízos de valor).
Os consultores Roger Evans e Peter Russell propõem quatro perguntas simples que a pessoa pode, e deve se fazer, cujas respostas provavelmente lhe darão a pista da necessidade envolvida:
-De que eu teria medo, se esse juízo de valor não existisse?
-O que tenho medo de perder se abandonar essa convicção?
-Quando e por que criei esse juízo de valor?
-O que esse juízo de valor me ajuda a obter?
Um outro exercício mais complexo é desenvolver o que os budistas denominam equanimidade, aceitar sem julgar.Isso significa não avaliar coisas ou pessoas como boas ou más, positivas ou negativas, mas simplesmente aceitar o momento exatamente da forma como está.Esta atitude é um hábito que pode ser aprendido,por exemplo, por meio da meditação.

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