domingo, 24 de janeiro de 2010

Quando os inimigos nos ajudam.

Os inimigos desempenham um importante papel em nossas vidas, pois nos ajudam a ter mais consciência dos nossos próprios defeitos, fazendo-nos amadurecer e adquirir maior força interior.
Quando temos medo das discordâncias naturais, elas passam a reprimir as nossas diferenças de opinião na esperança de preservar a paz. Em consequência disso, a sinceridade é substituida pela cortesia e, gradualmente, a confiança mútua desaparece, abrindo espaço para a má vontade.
Por isso, a sinceridade é sempre melhor que a harmonia forçada.Naturalmente, é agradável estar rodeado de pessoas que concordam conosco em tods os aspectos.Se fosse possível viver desse modo o tempo todo, talvez tudo fosse mais "fácil".Nesse caso, porém, nossa evolução correria grave risco de ser interrompida.Porque, assim como as pedras dos rios ficam redondas após longos anos de atrito, também os seres humanos se aperfeiçoam com as suas lutas e contradições.Devemos evitar as desarmonias, é claro,, mas quando elas são inevitáveis, o melhor a fazer é aprender com elas.
Para o pensador grego Plutarco(46.d.C.120 d.C.), os inimigos são comparáveis às dificuldades naturais que a vida coloca diante de nós.Um velejador experiente não se desespera com o vento contrário, mas sabe usá-lo para avançar no rumo certo. Do mesmo modo, devemos aproveitar as inimizades e outros desafios para aumentar nosso autoconhecimento.
"O fogo queima quem toca, mas também fornece luz e calor e serve a uma infinidade de usos para aqueles que sabem utilizá-lo", explica Plutarco. A situação é idêntica com os adversários ou invejosos:"O que é mais prejudicial na inimizade pode tornar-se o mais proveitoso", diz ele."É que teu inimigo, continuamente atento, espia tuas ações na expectativa da menor falha, e fica à espreita em torno da tua vida".
Na tarefa de identificar nossos erros, os inimigos são mais úteis que os amigos. Os adversários aumentam o perigo e, com isso, não nos deixam adormecer na rotina. Para Plutarco, necessitamos amigos sinceros e inimigos ardentes:"Uns nos afastam do mal por suas advertências, os outros, por sua censura."Porém, os amigos geralmente evitam falar cm franqueza. Além disso, o amor pode ser cego em relação àquilo que ama. Mas o rancor consegue revelar as manias e os fracassos de qualquer um.Quando o invejoso mente em suas críticas, podemos lembrar que, seja como for, nós ainda estamos longe da perfeição. É verdade que ele vê erros em nós que não existem.Mas talvez haja erros em nós que ele não vê. Devemos aproveitar a oportunidade de uma crítica contra nós para exercer vigilância e aumentar nossa força interior. A confiança no bem e a autoconfiança nos darão tranquilidade para observar os erros do ponto de vista do nosso potencial divino. E, sobretudo,para valorizar nossos acertos.
Segundo Plutarco, a melhor maneira de defender-nos dos nossos inimigos é aumentar nossas virtudes.
Cada pessoa de má vontade ou que boicota nossos esforços tem algo a nos ensinar.Se formos aprendizes conscientes da arte de viver, estaremos sendo beneficiados pelas "ações" de nossos inimigos,embora essa não seja a intenção do nosso opositor.
O que devemos ter em mente sempre é:jamais perder tempo e energia com pensamentos e ações destrutivas em relação aos outros. Segunda é nunca cair na posição de vítima paralisada ou inconsciente, e jamais alimentar autopiedade. A terceira é saber colocar-se como um coloborador da sabedoria, um forte, em todas as situações da vida. Especialmente nas difíceis.

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